Autor: Daniel Miraglia
O crescimento de 7,5% no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2010, a maior alta desde 1986, divulgado hoje pelo IBGE, está em linha com as expectativas do mercado e reforça a tese de superaquecimento da economia brasileira no ano passado. Na análise do professor de finanças da BSP (Business School São Paulo) Daniel Miraglia, fica evidente que, pela crescente pressão inflacionária, verificada desde o último semestre de 2010, o nível de crescimento econômico não é sustentável sem ocasionar um desequilíbrio entre a oferta e a demanda que acaba por pressionar para cima os preços.
"Será necessário trazer as expectativas inflacionárias do mercado bem mais para baixo para evitar uma reindexação forte de preços e salários na economia brasileira. Na tentativa de conter esse desequilíbrio, o Copom, pela segunda vez consecutiva no ano, elevou a taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual. Este aperto monetário aliado a uma política fiscal também mais restritiva e às medidas de restrição ao crédito e aumento do compulsório, devem fazer com que a economia brasileira volte para taxas de crescimento ao redor de 4% agora em 2011", na opinião do economista. "É provável que este não seja o último aumento da Selic este ano, dado que a inflação está na banda superior da meta do Banco Central, que tem como desafio abaixar a meta de inflação para o ano de 20 12.
Para Daniel Miraglia, o crescimento econômico de 2010 pode ser explicado, em grande parte, pelas medidas tomadas pelo governo e pelo Banco Central em 2009 para combater a então crise dos mercados financeiros mundiais, quando houve aumento de gastos públicos, redução de impostos, expansão do crédito e redução das taxas de juros. "Essas medidas ocasionaram uma acelerada expansão do consumo interno, especialmente das famílias das classes chamadas C e D. Outro fator que pesa bastante na magnitude do número é a base de comparação baixa de 2009", afirma o economista.