A retomada da economia…será?
Ontem o IBGE divulgou os resultados do PIB trimestral e após oito trimestres de recessão, a economia brasileira voltou a crescer. 1% em relação aos últimos três meses do ano passado. O crescimento veio em linha com o que o mercado estava esperando. Diante deste cenário, surge a questão: Este é o início do fim da recessão? Minha resposta: NÃO....
Apesar da crise política instalada, apresentar um crescimento de 1% é praticamente um milagre. Mas se olharmos os números friamente, perceberemos que neste milagre há razões que explicam o crescimento que são inerentes aos fatos políticos.
Vamos aos fatos: o setor da indústria ainda patina, em alguns setores, anda para trás. Tanto, que fechou o período com crescimento pífio de 0,9% em relação ao último trimestre, mas se compararmos com o mesmo período de 2016 apresenta 1,1% de queda. Construção civil que por muitos anos jogou nossa economia para cima junto com a farra do crédito fácil, apresentou retração de 6,3% em relação ao primeiro trimestre do ano passado. E fechando o ciclo de más notícias a indústria de transformação caiu 1%.
O que de fato podemos ver de positivo no horizonte é o setor Agrobusiness mostrando sua vitalidade de sempre e crescendo 2 dígitos, mais de 15% de 2016 para 2017. Extração mineral também cresceu quase 10%, dando força ao setor primário do Brasil.
A desvalorização do câmbio ajudou e muito nossas exportações, significando quase 10% de variação positiva de um ano ao outro.
O governo insiste em pintar um quadro melhor que o real. Informa que as reformas avançam, e que sinais de melhora aparecem aqui e ali. Porém na comparação com o 1º trimestre de 2016, o PIB caiu 0,4%. Nossa capacidade de concorrência mundial é a 3ª pior do globo, a frente apenas de Mongólia e Venezuela (uau...what a surprise!!!). Para piorar o quadro, uma pesquisa da consultoria BTA com 700 empresários e publicada na edição de EXAME de 01/06/2017 revela que 46% deles vai postergar projetos — e 90% deles consideram este ano pelo menos parcialmente perdido em termos de crescimento na economia. Os parâmetros que medem a confiança da população também animam. O consumo das famílias teve queda de 1,9% em relação a 2016. Os brasileiros estão mais preocupados em poupar do que em gastar, aumentando a taxa de poupança de 14% para 16% entre os anos.
Pensando em futuro, o Banco Central projeta para 2017 um crescimento do PIB de 0,5% ante uma previsão do FMI de crescimento de 0,2%. Agrobusiness e novamente, crédito mais fácil, tendem a incentivar o consumo e acelerar pelo menos um pouco, os números para cima.
Em resumo, o resultado de crescimento do PIB é de fato uma boa notícia, mas não significa que os próximos meses serão fáceis. Nossa recuperação não me anima e a crise política não ajuda em nada. As reformas ajudam, mas precisam sair, senão estes números tendem a piorar, o que não é vantagem para ninguém. Outras reformas ou politicas precisam ser pensadas ou corremos o risco de sermos menos competitivos que a Venezuela, e isso fará a declaração de Collor, de que nossa indústria produzia sucata, parecer piada A queda de juros no longo prazo, os saques do FGTS, e nossa indústria voltando a ter acesso à credito, mostram que 2018 pode ser muito melhor que 2016. Isso não quer dizer que será bom..., mas já é melhor que 2017....
Marcelo S. Ferreira
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